O INGÉNUO
O ingénuo
«Voltaire escreveu O ingénuo em 1767, ou seja, na última etapa da sua produção literária, após ter redigido boa parte da sua obra filosófica e historiográfica. (...) O personagem principal, a quem o título do romance faz referência, permite o jogo de espelhos típico da sátira ilustrada: o ingénuo é um selvagem americano recém-chegado à França de Luís XIV, um hurão das terras do Canadá que trava contacto com a sociedade civilizada exprimindo as suas opiniões a respeito do que vê. (...)
O ingénuo, portanto, é ambientado na fase mais infeliz do reinado do Rei-Sol. O personagem principal logo revela um espírito arguto e uma surpreendente franqueza. As suas palavras expressam de maneira clara o que os seus olhos observam. A sua independência e sinceridade não são afectadas pelo contacto cada vez mais profundo com a sociedade francesa: o catolicismo, as etiquetas sociais, a vilania dos homens da corte não corrompem o seu carácter. O ingénuo assimila a vida civilizada sem contaminar a sua pureza original, sem deformar a sua percepção precisa do mundo e das leis naturais. Para ser um filósofo das Luzes, falta-lhe apenas erudição. (...)
Assim, Voltaire recorre à sátira para caricaturar os aspectos bárbaros e irracionais da sociedade de corte, ridicularizando o que a sobriedade do historiador do Século de Luís XIV tinha ocultado. Era uma maneira de apontar os defeitos, as “monstruosidades”, sem comprometer as conquistas do Rei-Sol, sem desmoralizar o avanço da vida civilizada.»
Luiz Francisco Albuquerque de Miranda in “A caricatura da civilização: a sociedade de corte n’ O ingénuo de Voltaire”
Encenação Américo Rodrigues
Adaptação teatral Daniel Rocha (com o grupo)
Interpretação Américo Rodrigues, Ana Couto, Carlos Morgado, César Prata, Daniel Rocha, Fátima Freitas, Luciano Amarelo, Suzete Marques e Valdemar Santos
Banda sonora Cristina Fernandes
Luz José Neves
Figurinos Ana Couto
Operação de som e luz Alexandre Costa
Fotografia e vídeo Alexandre Costa
Cartaz Pumukill